Dor no Pé: Causas, Sintomas e Tratamentos
A dor no pé é uma queixa muito comum, que pode afetar pessoas de todas as idades e impactar diretamente na qualidade de vida. Ela pode se manifestar em diferentes regiões, como a sola, o dorso, o calcanhar, o arco ou até mesmo o peito do pé.
Na maioria das vezes, está relacionada a sobrecarga, uso de calçados inadequados, atividades físicas intensas, deformidades ou doenças ortopédicas específicas.
O que é dor no pé?
Dor no pé é qualquer desconforto, incômodo ou dor que se manifesta em uma ou mais regiões do pé. Essa dor pode ser aguda, crônica, localizada ou difusa. Muitas vezes, atrapalha atividades simples, como caminhar, correr ou até mesmo ficar em pé por muito tempo.
O pé é uma estrutura extremamente complexa, formada por:
- Ossos: metatarsos, falanges, calcâneo, tálus, entre outros;
- Articulações;
- Ligamentos;
- Tendões: como o tendão de Aquiles, tendões fibulares, tibial posterior, entre outros;
- Músculos;
- Nervos e vasos sanguíneos.
Por ser responsável por suportar todo o peso do corpo, o pé está constantemente exposto a sobrecarga, lesões, degenerações e processos inflamatórios. Entender a origem da dor é essencial para um tratamento adequado e eficaz.

Ilustração do trajeto dos tendões fibular curto e longo, localizados na lateral do pé.

Trajeto do tendão tibial posterior, responsável por manter o arco plantar.
Principais causas de dor no pé
A dor no pé pode ter diversas origens, que vão desde sobrecarga, lesões e inflamações até alterações estruturais ou doenças. A seguir, conheça as causas mais comuns.
Fascite plantar
É uma das causas mais comuns de dor na sola do pé, especialmente ao acordar ou após ficar muito tempo em pé. A fascite plantar é a inflamação da fáscia plantar, um tecido que conecta o calcanhar aos dedos e dá suporte ao arco do pé.
Esporão de calcâneo
O esporão é uma calcificação no osso do calcanhar, geralmente associado à fascite plantar. Nem sempre o esporão dói, mas quando há inflamação associada, pode gerar dor intensa na base do pé.
Neuroma de Morton
Ocorre quando há um espessamento do nervo entre os dedos, mais comum entre o terceiro e quarto dedo. Provoca sensação de queimação, formigamento ou choque na parte anterior do pé.
Pé plano (Pé chato)
O arco do pé é reduzido ou ausente, causando sobrecarga em tendões e ligamentos. Isso leva a dor na sola do pé, tornozelo e até joelho, especialmente após longos períodos de caminhada.

Demonstração do arco plantar longitudinal, que sustenta o pé. Sua perda leva ao pé plano.
Pé cavo
O pé cavo possui um arco plantar muito elevado. Isso provoca sobrecarga nas regiões do calcanhar e da parte anterior do pé, gerando dor e, muitas vezes, calosidades.
Tendinites
A sobrecarga pode levar a inflamações dos tendões. As mais comuns são:
- Tendinite do tendão de Aquiles – dor na região posterior do calcanhar;
- Tendinite dos fibulares – dor na parte lateral do pé e tornozelo;
- Tendinite do tibial posterior – dor na parte interna do pé, especialmente associada ao pé plano.

Imagem de Ressonância Magnética de uma tendinopatia insercional do tendão calcâneo

Imagem de ressonância magnética de uma tendinopatia não insercional do tendão calcâneo, acometendo a região média do tendão.

Imagem de ressonância magnética evidenciando uma rotura aguda do tendão calcâneo.
Artrite reumatoide e doenças reumatológicas
Doenças inflamatórias podem causar dor crônica no pé, inchaço, rigidez e deformidades, afetando articulações, tendões e ligamentos.
Fraturas de estresse
Ocorrem por microtraumas repetitivos, muito comuns em corredores ou pessoas que fazem atividades de impacto. A dor costuma ser localizada, piora com esforço e melhora com repouso.
Calçados inadequados
Saltos altos, sapatos apertados, palmilhas desgastadas ou falta de amortecimento adequado podem gerar sobrecarga e dor, principalmente na sola, calcanhar e antepé.
Outras causas
Incluem cistos, síndromes de compressão nervosa (como túnel do tarso), sobrepeso, atividades físicas intensas sem preparo adequado ou envelhecimento das estruturas.
Sintomas da dor no pé
Os sintomas da dor no pé podem variar bastante de acordo com a causa e a região afetada. É importante observar o tipo de dor, sua localização, frequência e fatores que agravam ou aliviam.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Dor na sola do pé: comum na fascite plantar, esporão ou sobrecarga.
- Dor no calcanhar: típica da fascite plantar, esporão ou tendinite do Aquiles.
- Dor no arco do pé: frequentemente associada ao pé plano (pé chato) ou pé cavo.
- Dor na parte da frente do pé (antepé): pode indicar neuroma de Morton, metatarsalgia ou uso de calçados inadequados.
- Dor lateral (lado de fora ou de dentro do pé): relacionada às tendinites dos fibulares, tibial posterior ou impacto mecânico.
- Inchaço e vermelhidão: podem acompanhar processos inflamatórios ou lesões.
- Formigamento, choque ou queimação: indicam possível compressão de nervos, como no neuroma de Morton ou síndrome do túnel do tarso.
- Rigidez ao acordar: muito comum na fascite plantar e nas doenças inflamatórias como artrite.
- Dificuldade para caminhar, correr ou apoiar o peso no pé: sintoma presente nas dores mais intensas ou em casos de lesão.
Esses sintomas podem se apresentar de forma isolada ou combinada. Observar exatamente onde dói, quando dói e em quais situações é essencial para chegar a um diagnóstico preciso.

Fórmula metatarsal demonstrando o alinhamento correto das cabeças dos ossos metatarsais, essencial para uma adequada distribuição de carga no antepé
Como é feito o diagnóstico da dor no pé?
O diagnóstico da dor no pé começa com uma avaliação clínica detalhada, onde o ortopedista especialista em pé irá conversar sobre os sintomas, entender quando a dor começou, qual a localização exata e os fatores que agravam ou aliviam.
Durante o exame físico, são avaliados:
- Localização da dor;
- Presença de inchaço, vermelhidão ou calor local;
- Alterações no arco do pé (pé plano ou pé cavo);
- Movimentos que reproduzem a dor;
- Pontos de impacto, sobrecarga ou compressão de nervos.
Além do exame físico, podem ser solicitados exames de imagem para confirmar o diagnóstico:
- Raio-x: útil para avaliar fraturas, desalinhamentos e esporões.
- Ressonância magnética: permite visualizar lesões de tendões, fáscia plantar, cartilagem, nervos e inflamações mais profundas.
- Ultrassom: bastante utilizado para avaliar tendinites, bursites e cistos.
- Tomografia: indicada em casos específicos, como avaliação detalhada de fraturas ou alterações ósseas complexas.
Em alguns casos, também pode ser feita uma análise da pisada, especialmente se houver suspeita de alterações biomecânicas que contribuem para a dor.
Como aliviar e tratar a dor no pé
O tratamento da dor no pé varia de acordo com a causa e a gravidade dos sintomas. Na maioria dos casos, o tratamento é conservador e bastante eficaz.
Entre as medidas iniciais para alívio da dor estão:
- Repouso: evitar atividades que sobrecarreguem o pé.
- Gelo: aplicar compressas de gelo na região dolorida por 15 a 20 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia.
- Palminhas ortopédicas: auxiliam na redistribuição da carga e aliviam dores causadas por alterações biomecânicas, como pé plano e pé cavo.
- Uso de calçados adequados: evitar salto alto, sapatos muito duros ou apertados. Preferir calçados com bom amortecimento e suporte.
- Medicações: analgésicos e anti-inflamatórios podem ser utilizados sob orientação médica.
A fisioterapia tem um papel fundamental na maioria dos casos, com exercícios específicos de fortalecimento, alongamento e correção da pisada.
Em casos específicos, podem ser indicadas:
- Infiltrações: com corticoides ou ácido hialurônico, especialmente em casos de artrose ou inflamações persistentes.
- Imobilização temporária: com uso de botas ortopédicas ou talas, principalmente em casos de fraturas de estresse ou tendinites agudas.
- Cirurgia: indicada nos casos mais graves, como rupturas tendíneas, deformidades severas ou quando o tratamento conservador não apresenta resultados satisfatórios. Cirurgias são comuns, por exemplo, em casos avançados de Neuroma de Morton ou correção de deformidades.
O acompanhamento com um ortopedista especialista em pé é essencial para definir o melhor plano de tratamento, adaptado a cada paciente.
Prevenção da dor no pé
Algumas dores no pé podem ser evitadas com cuidados simples no dia a dia. A adoção de bons hábitos ajuda a reduzir a sobrecarga nas estruturas do pé e previne lesões, inflamações e desgaste articular.
Confira as principais medidas de prevenção:
- Uso de calçados adequados: evitar sapatos apertados, salto alto ou calçados sem amortecimento. Escolher calçados confortáveis, com bom suporte e que se ajustem bem aos pés.
- Uso de palmilhas ortopédicas: em casos de pé plano, pé cavo ou outras alterações biomecânicas, as palmilhas ajudam a distribuir melhor a carga e prevenir dores.
- Fortalecimento e alongamento dos pés: exercícios simples de fortalecimento muscular e alongamento da fáscia plantar e dos tendões são fundamentais, especialmente na prevenção de fascite plantar e tendinites.
- Evitar sobrepeso: o excesso de peso sobrecarrega todas as estruturas do pé, aumentando o risco de dor e lesões.
- Evitar atividades físicas de alto impacto sem preparo adequado: especialmente em terrenos irregulares ou longas caminhadas sem condicionamento.
- Realizar aquecimento antes das atividades físicas: alongar e preparar os pés e tornozelos para o exercício ajuda a reduzir o risco de lesões.
Adotar esses cuidados no dia a dia faz toda a diferença para manter os pés saudáveis, evitar dores e garantir qualidade de vida.
Quando procurar um ortopedista especialista em pé?
Embora algumas dores no pé possam ser passageiras, causadas por sobrecarga ou uso de calçados inadequados, é muito importante ficar atento aos sinais que indicam a necessidade de uma avaliação médica especializada.
Procure um ortopedista especialista em pé se você apresentar:
- Dor persistente ou que piora com o tempo;
- Dificuldade para caminhar, apoiar o pé no chão ou realizar atividades simples;
- Inchaço, vermelhidão ou sensação de calor local;
- Formigamento, dormência ou queimação nos pés;
- Rigidez no pé ao acordar ou após longos períodos de repouso;
- Histórico de trauma, queda, torção ou suspeita de fratura;
- Deformidades no arco do pé, como pé plano;
- Sintomas que não melhoram com repouso, gelo e uso de calçados adequados.
O diagnóstico correto, feito por um especialista, é fundamental para evitar a progressão do problema e garantir um tratamento eficaz, seja ele conservador ou, nos casos mais graves, cirúrgico.
Fontes e Referências
- Cleveland Clinic – Foot Pain
- Mayo Clinic
- Impact of chronic plantar fasciitis on work-related activity: a literature review | Journal of the Foot & Ankle
- Metatarsal Malunion – Foot and Ankle Clinics
- Surgical treatment of rheumatoid forefoot: evaluation of functional outcome and quality of life | Scientific Journal of the Foot & Ankle
- SAGE Journals — Comprehensive Review of Ankle Disorders
Perguntas frequentes sobre dor no pé
A dor na sola do pé geralmente está associada à fascite plantar, esporão de calcâneo, sobrecarga, calçados inadequados ou alterações na pisada, como pé plano ou pé cavo.
O alívio da dor no arco do pé inclui repouso, uso de palmilhas ortopédicas, alongamento da fáscia plantar, fortalecimento dos músculos do pé e, em alguns casos, fisioterapia. Se a dor persistir, é fundamental procurar um ortopedista especialista.
Dor persistente, inchaço, vermelhidão, dificuldade para caminhar, formigamento ou histórico de trauma são sinais de que a dor pode ser mais grave. Nestes casos, é indicado procurar um ortopedista.
Esse sintoma é típico de fascite plantar. A dor costuma ser mais intensa nos primeiros passos do dia e melhora com o aquecimento da musculatura.
O ortopedista especialista em pé e tornozelo é o médico indicado para diagnosticar e tratar dores no pé, seja ela causada por alterações biomecânicas, inflamações, lesões ou desgaste articular.
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