Navicular Acessório: Causas, sintomas e tratamentos para dor no pé
Navicular acessório é um osso extra que algumas pessoas têm na parte interna do pé, próximo ao osso navicular, localizado na região do arco plantar medial. Ele está presente desde o nascimento (congênito), mas muitas vezes só é notado quando provoca dor, desconforto ou é descoberto em exames de imagem.
Embora seja considerado uma variação anatômica e não necessariamente uma anormalidade, o navicular acessório pode interferir na função do tendão tibial posterior, responsável por sustentar o arco do pé. Isso pode gerar sintomas especialmente em pessoas ativas, atletas ou em casos de sobrecarga repetitiva.
Estima-se que cerca de 10 a 15% da população tenha esse osso extra, e em boa parte dos casos ele é assintomático.
Quais são os tipos de navicular acessório?
O navicular acessório pode se apresentar de diferentes formas. Essas variações são classificadas em três tipos principais, de acordo com sua aparência e relação com o osso navicular principal:
Tipo I – Pequeno osso sesamoide
É um pequeno fragmento ósseo arredondado, localizado dentro do tendão tibial posterior. Costuma ter entre 2 e 3 mm e geralmente não causa sintomas. Pode ser confundido com uma fratura em exames de imagem.
Tipo II – Sincondrose (o mais sintomático)
Trata-se de um osso triangular ou em formato de coração, maior que o tipo I, que está unido ao navicular principal por uma cartilagem (sincondrose). É o tipo mais comum entre os pacientes sintomáticos, pois pode gerar dor e inflamação local, especialmente em atividades físicas ou ao usar calçados apertados.
Tipo III – Fusão óssea (Cornuate navicular)
Neste caso, o osso acessório está fundido ao navicular principal, formando uma única estrutura óssea aumentada. Embora possa causar dor em alguns casos, tende a ser menos sintomático do que o tipo II.
Causas e fatores de risco para dor no navicular acessório
Embora o navicular acessório seja uma variante anatômica congênita, ou seja, presente desde o nascimento, nem todas as pessoas com essa condição apresentam sintomas. A dor geralmente surge quando há sobrecarga ou irritação local, especialmente nas seguintes situações:
- Esforço físico intenso ou repetitivo, como corridas, caminhadas longas e esportes de impacto;
- Uso de calçados inadequados, principalmente muito apertados ou com pouca absorção de impacto;
- Pé plano (pé chato), que altera a distribuição das forças e sobrecarrega o tendão tibial posterior;
- Atividades que exigem movimentos de inversão do pé, como dança e ginástica;
- Traumas diretos na região medial do pé.
Esses fatores podem gerar inflamação da região, levando ao quadro conhecido como síndrome do navicular acessório, que envolve dor, inchaço e limitação para atividades físicas.
Sintomas e diagnóstico do navicular acessório
O principal sintoma associado ao navicular acessório é a dor na parte interna do pé, especialmente na região próxima ao arco plantar e ao tendão tibial posterior. Essa dor pode surgir ou se intensificar após esforço físico, longas caminhadas ou uso de calçados inadequados.
Outros sinais e sintomas comuns incluem:
- Inchaço local na parte interna do pé;
- Sensibilidade à palpação próxima ao osso navicular;
- Dificuldade para calçar sapatos apertados devido ao volume ósseo extra;
- Desconforto ao ficar muito tempo em pé ou caminhar longas distâncias;
- Alterações na marcha por tentativa de compensar a dor.
O diagnóstico é feito com base na avaliação clínica e no exame físico. Para confirmação, o médico ortopedista pode solicitar exames de imagem, como:
- Raio-X do pé: para visualizar o osso acessório;
- Ressonância magnética: em casos de suspeita de inflamação ou alterações nos tecidos ao redor;
- Ultrassonografia: útil para avaliar tendões e estruturas moles próximas.
Tratamento para navicular acessório
O tratamento do navicular acessório varia conforme a intensidade dos sintomas e o grau de comprometimento funcional. Em grande parte dos casos, é possível controlar a dor com abordagens conservadoras, evitando a necessidade de cirurgia.
Tratamento conservador
- Repouso: reduzir a atividade física por alguns dias ou semanas para aliviar os sintomas;
- Gelo local: aplicar compressas frias na região dolorida por 15 a 20 minutos, várias vezes ao dia;
- Uso de palmilhas ortopédicas: ajudam a redistribuir a carga e aliviar a pressão sobre o navicular acessório;
- Calçados adequados: evitar sapatos apertados ou com solado muito rígido;
- Medicamentos anti-inflamatórios: sob prescrição médica, para reduzir a dor e inflamação;
- Fisioterapia: fortalecimento do tibial posterior, melhora da pisada e reeducação funcional do pé.
Quando a cirurgia é indicada?
Nos casos em que a dor persiste mesmo após meses de tratamento conservador, ou quando há inflamação crônica e limitação funcional importante, a cirurgia pode ser indicada.
O procedimento mais comum é a excisão do navicular acessório, que consiste na remoção do osso extra. Em alguns casos, pode ser necessário o reparo ou reinserção do tendão tibial posterior, especialmente se houver comprometimento da função tendínea.
A recuperação pós-operatória varia conforme a técnica utilizada, mas geralmente envolve um período de imobilização seguido por reabilitação com fisioterapia.
Prognóstico e cuidados após o tratamento
Na maioria dos casos, o prognóstico do navicular acessório é excelente, especialmente quando identificado precocemente e tratado de forma adequada. Tanto com o tratamento conservador quanto cirúrgico, é possível recuperar totalmente as funções do pé e eliminar os sintomas.
Após o tratamento conservador
- A dor costuma diminuir significativamente com o uso de palmilhas e fisioterapia;
- A reabilitação muscular do tendão tibial posterior é essencial para prevenir a recorrência dos sintomas;
- Manter o uso de calçados adequados ajuda a reduzir o impacto sobre o osso acessório.
Após a cirurgia
- O paciente geralmente permanece com o pé imobilizado por algumas semanas, dependendo da técnica utilizada;
- A fisioterapia pós-operatória é fundamental para recuperar força, mobilidade e estabilidade do pé;
- A maioria dos pacientes pode retornar às atividades esportivas ou profissionais após 2 a 3 meses, com acompanhamento médico.
O retorno completo às atividades depende do tipo de navicular acessório, da técnica cirúrgica (quando indicada) e da adesão ao protocolo de reabilitação. Com os devidos cuidados, o risco de recorrência é muito baixo.
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