Pé Cavo: o que é, causas, sintomas, tratamento
Pé cavo é uma forma que temos de denominar um formato específico do pé. Várias circunstâncias podem fazer com que o pé fique cavo, algumas são pequenas variações da normalidade, outras são patológicas.
O que é pé cavo
O pé cavo ocorre quando temos pé apresenta um arco plantar excessivamente alto, ele é oposto do pé plano. Frequentemente afeta ambos os pés e tende a ser progressivo. O arco natural do pé é extremamente importante para manter a função do pé durante a caminhada e corrida, ajudando a manter o equilíbrio e na absorção de impactos.
O pé cavo pode causar maior pressão sobre o calcanhar e a região anterior do pé durante a marcha, levando a dor. Essa condição também pode reduzir a flexibilidade do pé.
O que é pé cavo varo
O pé cavo varo é uma variação da deformidade do pé cavo, na qual, além do arco elevado (“cavo”), a parte de trás do pé também está voltado para dentro (“varo”). São deformidades frequentemente associadas. Essa deformidade pode afetar o alinhamento do pé e levar a problemas na marcha, no equilíbrio e no uso de calçados.

Pé cavo varo: Seta amarela mostra o cavo, setas brancas o posicionamento em varo do calcâneo.
O cavo varo é comumente associado ao pé torto congênito, doença de Charcot- Marei-Tooth e outras doenças neurológicas.
Quando se desenvolve de forma progressiva ao longo do tempo, pode indicar a presença de um problema neurológico, dentre eles o mais frequente é a doença de Charcot-Marie-Tooth, um distúrbio hereditário no qual a velocidade de condução dos nervos diminui progressivamente, causando fraqueza nos músculos das mãos, membros inferiores e pés.
Embora a doença de Charcot-Marie-Tooth não ameace a vida, os problemas nos pés que a acompanham podem ser incapacitantes. De fato, como outros sintomas podem ser leves ou ausentes, o pé cavo varo pode ser a chave para o diagnóstico.
O cavo do pé pode estar relacionado a alterações do formato de diversas partes do pé. A parte da frente do pé – o antepé – pode estar posicionado para baixo (em flexão plantar) ou a parte de trás do pé – o retropé – pode estar estendida aumentando o ângulo do calcâneo, e nos casos mais graves podemos encontrar os dois componentes ao mesmo. tempo.

Radiografia em perfil de um Pé cavo – ângulo do calcâneo aumentado.
Causas do pé cavo
O pé cavo pode ser congênito e idiopático (presente ao nascimento sem causa conhecida) ou adquirido em decorrência de outras condições, incluindo distúrbios neurológicos (como doença de Charcot-Marie-Tooth, espinha bífida, síndrome do filum terminal, paralisia cerebral ou AVC), tumores espinhais, lesões de nervos periféricos, desequilíbrios musculares causados por distrofia muscular, poliomielite ou outras doenças, doenças inflamatórias como artrite reumatoide, ou condições genéticas como a ataxia de Friedreich.
Sequelas de trauma podem originar um pé cavo varo, principalmente as fraturas do tálus. As fraturas do calcâneo podem levar a uma deformidade em varo.
Sintomas
Como o pé não está devidamente alinhado, a distribuição irregular do peso pode causar dor ao permanecer em pé ou caminhar por longos períodos. O paciente pode ter queixa de dor na planta do pé, principalmente na parte lateral e na frente – metatarsalgia (dor na parte anterior do pé) – com calosidades
Nessas situações há uma distribuição de carga inadequada nos pés e tornozelos, sobrecarregando os diversos tecidos dessa parte do corpo, causando dor. Como o alinhamento do membro encontra-se desviado observamos que os pacientes são mais a lesões ligamentares, fraturas do tornozelo e do pé, além de fraturas por estresse, especialmente do 5º metatarsal.
Outras condições também podem ser causadas ou ocorrer em conjunto com o pé cavo, incluindo fascite plantar, dedos em martelo, dedos em garra, instabilidade do tornozelo e osteoartrite do pé e tornozelo.
Tratamento
Para o tratamento é bastante importante compreendermos quais são os componentes do pé e tornozelo que estão levando a deformidade, se há alteração neurológica e qual a causa inicial desse alinhamento inadequado. Algumas causas levam a deformidades progressivas, outras são estáticas, e isso modifica a escolha do tratamento.
Nos casos leves, o ortopedista pode recomendar o uso de calçados ortopédicos ou palmilhas (que ajudam a distribuir o peso de forma mais uniforme) e acompanhamento periódico para verificar a progressão do problema. A fisioterapia também pode auxiliar. Em casos mais graves ou quando o pé cavo está associado a outros problemas de saúde, a cirurgia geralmente é necessária.
Cirurgia do pé cavo
O tratamento cirúrgico vai depender da causa do pé cavo, do equilíbrio neurológico do paciente e da qualidade residual das articulações envolvidas.
O tratamento cirúrgico pode envolver uma combinação de osteotomias (cortes e reposicionamento ósseo – que preservam as articulações) e procedimentos de partes moles. Podem ser feitos alongamentos ligamentares e transferências tendíneas para ajudar a reequilibrar e fortalecer músculos enfraquecidos no pé e na perna.
Não há um único procedimento padrão — cada caso é diferente — mas o objetivo é o mesmo: realinhar as articulações do pé e tornozelo, corrigir a deformidade e reequilibrar tecidos moles e forças musculares, e dessa forma melhorar a distribuição de carga e a dor do paciente.
Cirurgias de partes moles no pé cavo
Forças de tração provenientes de músculos, tendões e/ou da fáscia plantar podem contribuir para o arco plantar alto. O alongamento cirúrgico de uma ou mais dessas estruturas, ou a transferência de tendões, pode ajudar a corrigir a deformidade.
Esses procedimentos podem ser realizados isoladamente, mas, com mais frequência, são feitos em conjunto com osteotomias ósseas e/ou artrodeses.
Osteotomias
Dependendo do caso, podem ser realizadas osteotomias (corte e realinhamento de ossos) para modificar a posição dos ossos do pé e realinhá-los, diminuindo o cavo e o varo. Existem diversas osteotomias que podem ser aplicadas isoladamente ou em conjunto.
Artrodeses
As artrodeses podem reduzir a dor e melhorar a estabilidade do pé, eliminando o movimento nas articulações afetadas.
Recuperação pós-operatória do pé cavo
A recuperação inicial geralmente leva cerca de três meses, mas normalmente a reabilitação pós-operatória se estende por mais algumas semanas. Dependendo dos procedimentos realizados, alguns casos recuperam-se mais rapidamente.
De modo geral, o paciente se mantem sem pisar até a pele cicatrizar, ao redor de 2 semanas, após esse período é possível pisar protegido com uma bota até a cicatrização óssea ocorrer.
A avaliação por um médico ortopedista que atua na cirurgia do pé e tornozelo é importante para traçar a estratégia de um tratamento mais eficiente que proporcione melhor qualidade de vida ao paciente. Há uma grande associação com doenças neurológicas, muitas vezes o tratamento com uma equipe multidisciplinar com neurologista é essencial para um bom tratamento.
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